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Mulheres de Alagoas superam preconceitos e apostam na sustentabilidade com adubo feito de casca de siri
8 de junho de 2025 / 12:15
Foto: Divulgação

A Associação Mulheres em Ação de Jequiá da Praia (AMAJE) tem se destacado não apenas pela produção de artesanato com materiais reciclados, mas também pelo impulso ao turismo local através de passeios na lagoa. Com cerca de 50 mulheres unidas, a associação promove um trabalho ambiental significativo, utilizando cascas de siri para a produção de adubo, conhecido como reflorescer. Além disso, as integrantes se dedicam à coleta de resíduos na lagoa para criar peças de artesanato sustentável, investindo também no Turismo de Base Comunitária, que busca beneficiar coletivamente a comunidade.

A ideia da AMAJE surgiu em 2019, quando Josineide Gomes, conhecida como Neide, participou de um encontro de mulheres pescadoras em Tamandaré, Pernambuco. Inspirada pela força e empoderamento das participantes, Neide trouxe esse espírito para Jequiá da Praia, onde começou a reunir mulheres para formar a associação. No início, o grupo contava com aproximadamente 30 integrantes, mas enfrentou desafios, como a resistência de maridos que desencorajavam a participação das mulheres em cursos e atividades externas.

Eliane Farias, atual presidente da AMAJE, destacou que a falta de apoio familiar e o preconceito nas comunidades foram barreiras significativas. As mulheres enfrentaram piadas e desdém por causa do forte odor das cascas de siri, o que levou algumas a desistirem do projeto. Para agravar a situação, a associação não possuía um barco para coletar materiais na lagoa, mas Eliane conta que seu marido foi um apoio fundamental, cedendo seu barco para as atividades.

Reconhecimento e Conquistas

Apesar das dificuldades, Eliane sempre acreditou no potencial do projeto. Com o apoio da Secretaria Municipal de Agricultura e Pesca, a AMAJE se inscreveu no edital do Prêmio Mulheres Rurais – Espanha Reconhece, onde conquistou o primeiro lugar entre 482 projetos de todo o Brasil. Esse reconhecimento internacional trouxe nova força à associação, permitindo que as mulheres adquirissem mais autonomia e recursos, como barcos, motores, freezers e maquinário para a produção de adubo, além de investimentos em energia solar.

Processo de Produção do Adubo Orgânico

O processo de produção do adubo orgânico, conhecido como florescer, começa na Lagoa de Jequiá da Praia, onde os siris são pescados. As mulheres da AMAJE recolhem as cascas com marisqueiras e pescadores, levando-as para o Rancho das Cheirosas, onde são secas e moídas. O passo a passo é o seguinte:

  • Coleta das cascas do siri com marisqueiras e pescadores;
  • Secagem das cascas no Rancho das Cheirosas;
  • Moagem das cascas em pilão;
  • Transporte das cascas moídas para a sede da AMAJE;
  • Trituração das cascas em um triturador elétrico;
  • Mistura do material com ‘cama de galinha’ para a produção do adubo;
  • Embalagem e pesagem do adubo pronto para venda.

Artesanato Sustentável

As mulheres da AMAJE também se destacam na produção de artesanato sustentável, reaproveitando materiais como tampas de garrafas PET, fibra de bananeira e papel. A artesã Eliana Reis, que realiza capacitações para as colegas, compartilha que a associação trouxe cor e vida de volta ao seu trabalho. As peças são vendidas na sede da associação, em feiras e sob encomenda, contribuindo para a renda das participantes.

Eliana expressa sua paixão pela associação, ressaltando que é um espaço de aprendizado e diversão, onde as mulheres podem compartilhar seus conhecimentos e habilidades, fortalecendo a comunidade e promovendo a autoestima entre as participantes.