
A recente decisão dos Estados Unidos de suspender a tarifa de 40% sobre aproximadamente 200 produtos brasileiros trouxe um certo alívio para o agronegócio do Rio Grande do Norte. Entre os itens beneficiados estão o caju, a manga e a castanha, que são importantes para a economia local.
Fábio Queiroga, representante do Comitê Executivo de Fruticultura do estado, destacou que, embora a medida seja positiva, ainda não representa um impacto significativo para o setor agrícola potiguar, que tem como principais produtos o melão e a melancia.
Dados do Observatório da Indústria do Mais RN, vinculado à Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (Fiern), revelaram que, no período de agosto a outubro de 2025, as exportações do estado para os EUA totalizaram US$ 9 milhões. Esse número representa uma queda de 25%, ou seja, uma redução de US$ 3 milhões em comparação ao mesmo período do ano anterior.
Entretanto, a suspensão das tarifas não abrange todos os produtos. O setor pesqueiro ainda enfrenta desafios, pois a sobretaxa de 50% permanece em vigor desde agosto. Arima França Filho, presidente do Sindipesca-RN, afirmou que a situação está crítica e tende a se agravar. Ele ressaltou que a pesca no estado é voltada principalmente para dois tipos de pescado: a lagosta, que está sendo exportada congelada para o mercado asiático, e o atum, que enfrenta dificuldades devido à falta de mercados alternativos.
A crise no setor pesqueiro é ainda mais acentuada pela impossibilidade de exportar para a Europa desde 2018, em razão de questões sanitárias. Segundo dados do Mais RN, as exportações de atum para os EUA caíram 72% desde a implementação da tarifa de 50%. Atualmente, o produto está armazenado em câmaras frias, aguardando exportação.
O congelamento do atum pode durar até dois anos, mas o pescado vendido fresco perde valor ao ser congelado. França Filho explicou que, embora o produto seja o mesmo, o atum destinado à culinária japonesa possui um valor de mercado até 12 vezes maior do que o atum enlatado. Se não conseguirem atender ao mercado japonês, a alternativa será enlatá-lo, resultando em uma venda com valor de apenas 10% do que poderia ser obtido inicialmente.
O governo estadual está em busca de alternativas para minimizar os impactos dessa situação, considerando a possibilidade de aumentar o escoamento da produção tanto para o mercado interno quanto para países asiáticos.