
A produção de etanol no Maranhão está prestes a experimentar um crescimento significativo, com a inauguração da usina Inpasa em Balsas, prevista para 2025. Esta nova instalação terá a capacidade de processar 1 milhão de toneladas de milho anualmente, o que pode aumentar a produção de etanol do estado de 168 milhões para mais de 600 milhões de litros, resultando em um impressionante crescimento de 250%.
Esse avanço na produção é impulsionado por políticas públicas estaduais, incluindo a recente regulamentação que permite a venda direta de etanol hidratado das usinas para os postos de combustíveis. Essa medida visa reduzir os custos e facilitar o acesso do consumidor ao biocombustível.
Além das vantagens econômicas, a produção de biocombustíveis está intimamente ligada à geração de Créditos de Carbono (CBIOs), que podem ser comercializados na Bolsa de Valores. Esses créditos são uma forma de comprovar a redução das emissões de gases de efeito estufa, contribuindo assim para a descarbonização da economia.
RenovaBio e Certificações no Maranhão
Atualmente, o Brasil possui 334 unidades certificadas no programa RenovaBio, sendo 292 delas produtoras de etanol. No Maranhão, duas usinas já estão certificadas: a Agro Serra, em São Raimundo das Mangabeiras, e a TG Agro Industrial, em Aldeias Altas. Entre 2020 e 2025, o volume total de etanol anidro e hidratado comercializado no país foi de 159,6 milhões de metros cúbicos, com cerca de 985,8 mil m³ oriundos do Maranhão. Enquanto a certificação nacional ultrapassa 90%, no Maranhão, esse índice gira em torno de 70%. Para 2025, a meta é emitir 40,39 milhões de CBIOs, com obrigações específicas para as distribuidoras de combustíveis.
A Agro Serra já registrou 527.783 CBIOs desde a sua certificação. Para Cíntia Ticianeli, sócia-administradora e diretora Comercial e Financeira da empresa, o RenovaBio representa um marco na descarbonização da matriz energética do Brasil. “Essa iniciativa não apenas ajuda a reduzir as emissões de poluentes e melhora a qualidade do ar, mas também gera empregos e fortalece a balança comercial ao diminuir a dependência de combustíveis fósseis”, declarou.
Inpasa Brasil: Líder em Etanol de Milho
A Inpasa Brasil, a maior produtora de etanol de grãos da América Latina, também desempenha um papel crucial no contexto do RenovaBio. Fundada em 2006 e consolidada no Brasil desde 2019, a empresa opera como uma biorrefinaria integrada, produzindo não apenas etanol, mas também DDGS (grãos secos de destilaria para nutrição animal), óleo vegetal, energia elétrica renovável e biogás, com uma capacidade instalada superior a 5,8 bilhões de litros por ano.
Desde 2021, a Inpasa é certificada no RenovaBio e emitiu cerca de 1,3 milhão de CBIOs em 2024. Christopher Davies Junior, diretor de sustentabilidade da empresa, enfatizou que a adesão ao programa valoriza a produção sustentável e melhora os processos industriais e agrícolas. “Cada litro de etanol com menor intensidade de carbono representa uma escolha consciente pelo futuro. O RenovaBio fortalece a cadeia de bioenergia, estimula a inovação e cria um círculo virtuoso entre produção, consumo e meio ambiente”, avaliou.
Davies também destacou que a empresa investe constantemente em automação, otimização de processos industriais e uso inteligente de recursos energéticos, além de integrar dados primários dos produtores rurais às práticas sustentáveis no campo, o que impacta diretamente na eficiência energética da empresa, um critério fundamental para a emissão de CBIOs.
Impacto Social e Ambiental no Maranhão
Cíntia Ticianeli também mencionou que a produção de etanol de baixa pegada de carbono traz benefícios diretos à qualidade de vida da população. Contudo, ela alertou sobre a necessidade de escolhas conscientes de consumo. “Não adianta ter um carro elétrico se ele é carregado com energia não renovável e baterias feitas com metais importados. A produção de energia limpa também gera empregos ao longo da cadeia produtiva, o que é crucial para estados como o Maranhão, que apresentam um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) baixo”, destacou.
Além da Inpasa, Agro Serra e TG Agro, o Maranhão abriga outras usinas, como a Alternativa, em Tuntum, e a Maity Bioenergia, em Campestre do Maranhão. Exceto pela unidade de Balsas, que utiliza milho como matéria-prima, todas as demais produzem etanol a partir da cana-de-açúcar.
Mudanças recentes, como o aumento da mistura de etanol na gasolina de 27% para 30% e a aprovação da venda direta das biorrefinarias para os postos, devem estimular ainda mais o consumo do biocombustível. Milton Campelo, presidente do Sindicato das Indústrias de Cana, Açúcar e Álcool do Maranhão e Pará (Sindicanálcool), afirmou que outras indústrias locais também têm potencial para entrar no mercado de crédito de carbono.