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Óculos sensoriais ajudam na locomoção de pessoas cegas e ganham prêmio nacional
6 de setembro de 2025 / 12:02
Foto: Divulgação

Pesquisadores do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) desenvolveram um inovador dispositivo que auxilia pessoas cegas na identificação de obstáculos durante a locomoção. O equipamento, que se adapta aos óculos, emite alertas sonoros e vibrações quando o usuário se aproxima de barreiras acima da linha da cintura, ampliando a segurança e a autonomia na mobilidade.

A ideia para a criação deste dispositivo surgiu em 2015, a partir das experiências de José Carlos Amaral, revisor de Braille do IFPE e pessoa cega. Ele relatou que, apesar da eficácia e do baixo custo da bengala, ela não é suficiente para detectar obstáculos em altura, como galhos de árvores e placas, que podem causar acidentes.

Reconhecimento e Prêmios

Recentemente, o projeto foi agraciado no Prêmio Inova 2025, durante o Painel Telebrasil 2025, um dos principais eventos de telecomunicações e inovação do Brasil. O dispositivo conquistou prêmios nas categorias “Especial Acessibilidade” e “Destaque”. A cerimônia de premiação ocorreu em Brasília, nos dias 2 e 4 de outubro.

José Carlos enfatizou a importância do projeto, afirmando que ele foi desenvolvido com o intuito de aumentar a segurança e a autonomia das pessoas com deficiência visual durante seus deslocamentos.

Como Funciona o Dispositivo

A tecnologia é inspirada na ecolocalização, um método utilizado por golfinhos e morcegos para perceber o ambiente ao emitir ondas sonoras. O dispositivo conta com três componentes principais: um sensor que detecta obstáculos, um microcontrolador que processa as informações recebidas e atuadores que geram os alertas sonoros e vibrações.

Thiago Pereira, aluno do curso técnico em eletrônica do IFPE, explicou que o sensor funciona de maneira similar ao sensor de ré de um carro, detectando a presença de obstáculos e permitindo que o microcontrolador calcule a distância até eles.

Ao longo de uma década de pesquisa, mais de 20 alunos colaboraram no desenvolvimento do projeto, sob a orientação da professora Aida Ferreira, doutora em Ciências da Computação. O primeiro protótipo, criado em 2015, passou por diversas melhorias e agora é um dispositivo que pode ser acoplado a qualquer óculos, tornando-o acessível a pessoas de diferentes idades.

O projeto ainda está em fase de desenvolvimento e está sendo testado por usuários do Instituto de Cegos Antonio Pessôa de Queiroz, em Recife. Apesar do potencial do dispositivo, ainda não há previsão de comercialização, pois empresas ainda não demonstraram interesse em sua produção em larga escala.

Futuro e Integração com Tecnologia

Em 2022, a pesquisa resultou na criação da startup Synesthesia Vision, que visa comercializar e expandir o protótipo. O público-alvo inclui as mais de 500 mil pessoas cegas no Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Um dos objetivos futuros é integrar o dispositivo a um aplicativo para smartphones, que poderá fornecer informações adicionais, como condições meteorológicas e assistência em transporte público. A professora Aida Ferreira destacou que a ideia é que o aplicativo se conecte via Bluetooth ao dispositivo, permitindo que os usuários acessem as funcionalidades sem precisar retirar o celular do bolso, o que pode ser complicado ao utilizar a bengala.

Atualmente, o custo de produção de cada dispositivo é elevado, cerca de R$ 2 mil, devido ao processo artesanal realizado nos laboratórios do IFPE. A professora Aida acredita que, com investimentos e a transição para a produção industrial, os custos poderão ser significativamente reduzidos.