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Peixe invasor na Bahia ameaça ecossistema marinho e pode causar convulsões
22 de julho de 2025 / 21:36
Foto: Divulgação

Um pescador fez uma descoberta alarmante no estuário de Taipu de Dentro, localizado na cidade de Maraú, no baixo sul da Bahia. No último sábado (19), moradores capturaram um peixe-leão, uma espécie considerada invasora e altamente venenosa, originária do oceano Indo-Pacífico. Este peixe é conhecido por seu potencial de causar desequilíbrio nos ecossistemas marinhos.

De acordo com a Secretaria do Meio Ambiente de Maraú, o peixe-leão possui 18 espinhos venenosos, e o contato com ele pode resultar em dores intensas, náuseas e até convulsões em humanos. A gestão municipal informou que uma única fêmea dessa espécie pode liberar até 30 mil ovos a cada 26 dias e tem a capacidade de devorar até 20 peixes em apenas 30 minutos, incluindo presas de grande porte.

Os especialistas recomendam que, ao encontrar um peixe-leão, as pessoas devem usar luvas para capturá-lo e evitar que os espinhos entrem em contato com a pele. Além disso, a orientação é que o peixe não seja devolvido ao mar. Caso haja contato com o animal, a área afetada deve ser lavada com água quente, e a pessoa deve buscar atendimento médico imediatamente. Para aqueles que não têm experiência em lidar com o peixe-leão, a recomendação é entrar em contato pelo e-mail peld.bts@gmail.com, informando a localização e o horário da avistagem.

Curiosidades sobre o peixe-leão:

  • O crescimento populacional é acelerado, com várias reproduções ao longo do ano, gerando milhares de ovos e larvas.
  • Na fase adulta, o peixe-leão pode atingir até 47 cm de comprimento.
  • Predadores naturais não o reconhecem como presa, pois não é uma espécie nativa da região.

A bióloga Stella Furlan, da Secretaria do Meio Ambiente de Maraú, informou que o peixe resgatado será utilizado para fins de pesquisa. Até junho deste ano, foram registrados cinco indivíduos adultos e reprodutivos da espécie na Baía de Todos-os-Santos, especialmente nas áreas de Morro de São Paulo e Salvador.

Atualmente, não existe um programa de monitoramento específico para a detecção do peixe-leão na Bahia. Os registros são considerados pontuais e esporádicos. A Secretaria do Meio Ambiente está desenvolvendo os “Protocolos de Alerta, Detecção Precoce e Resposta Rápida” e planeja realizar oficinas no segundo semestre de 2025 para criar um documento colaborativo sobre a questão.

Os especialistas apontam que a expansão do peixe-leão está relacionada ao aquecimento das águas, à circulação marítima intensa e às mudanças nos ecossistemas costeiros, que são afetados pela poluição, urbanização e alterações climáticas. Tiago Porto, diretor de políticas e planejamento ambiental da Sema, destacou que as mudanças climáticas têm impactado os ecossistemas e favorecido a proliferação de espécies invasoras.

Para combater a presença de espécies exóticas invasoras na Baía de Todos-os-Santos, a Secretaria do Meio Ambiente implementou um plano de resposta à bioinvasão em 2023. As orientações incluem:

  • Não matar ou retirar a espécie.
  • Entrar em contato pelo e-mail peld.bts@gmail.com.
  • Para realizar a remoção da espécie, deve-se protocolar um pedido ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), informando a espécie e a tecnologia a ser utilizada.

Tiago Porto ressaltou que o Ibama avaliará os riscos ambientais da estratégia de remoção, pois uma boa intenção pode, na verdade, causar um impacto ambiental ainda maior se não for executada corretamente.