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Pesquisa da Uema explica o desaparecimento de papagaios ameaçados nas florestas amazônicas do Maranhão e Pará
2 de novembro de 2025 / 12:49
Foto: Divulgação

Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), em colaboração com instituições nacionais e internacionais, trouxe novas preocupações sobre a extinção de espécies de papagaios ameaçados na Amazônia oriental. A pesquisa se concentrou na área conhecida como Centro de Endemismo Belém, que abrange partes dos estados do Maranhão e Pará.

Publicada na revista científica Biodiversity and Conservation, a pesquisa destaca como a conservação das florestas e as condições climáticas impactam diretamente os habitats dessas aves. O estudo sugere estratégias para proteger espécies emblemáticas da fauna brasileira.

O pesquisador Randson Modesto Coêlho da Paixão, principal autor do estudo, expressou sua preocupação com o desaparecimento de aves típicas da Amazônia. “A região do Centro de Endemismo Belém é uma das mais ameaçadas da floresta amazônica e abriga um grande número de aves únicas, que dependem diretamente da conservação da mata para sobreviver”, afirmou.

O estudo foi realizado durante o pós-doutorado de Randson Paixão na Uema, onde atuou como professor colaborador no Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade, Ambiente e Saúde, no Campus Caxias. Ele também fez parte do Laboratório de Ornitologia, sob a coordenação do professor Flávio Ubaid, coautor do artigo.

A pesquisa integra o projeto intitulado “Testando hipóteses, predizendo padrões: da modelagem de ocupação à distribuição de espécies ameaçadas no estado do Maranhão”, que visa compreender como o uso da terra e as mudanças climáticas afetam os habitats das aves ameaçadas e exclusivas da região.

Três espécies de papagaios foram analisadas:

  • A ararajuba (Guaruba guarouba), conhecida por sua plumagem verde e amarela;
  • A marianinha-de-cabeça-amarela (Pionites leucogaster);
  • A curica-urubu (Pyrilia vulturina).

Os pesquisadores coletaram dados sobre a ocorrência dessas aves entre 2000 e 2022, correlacionando-os com informações sobre vegetação, qualidade da floresta e índices de precipitação.

Os resultados indicam que as chances de sobrevivência dos papagaios são significativamente maiores em áreas bem preservadas. Em regiões com florestas de qualidade média, a probabilidade de ocorrência diminui para 50%, enquanto em áreas degradadas, esse número cai para aproximadamente 24%. Além disso, locais com chuvas regulares favorecem a presença dessas espécies.

“A conservação da floresta é o principal fator de sobrevivência dessas aves”, destacou Randson. “Sem o equilíbrio climático e a manutenção das áreas florestais, a Amazônia pode perder espécies únicas que não existem em nenhum outro lugar do planeta.”

O estudo fornece uma base para políticas públicas voltadas à conservação, identificação de áreas prioritárias para proteção e iniciativas de reflorestamento. Além disso, busca sensibilizar a sociedade sobre o valor ecológico e cultural das aves amazônicas e a urgência em preservar seus habitats.

O artigo foi assinado por Randson Modesto Coêlho da Paixão, Carlos Salustio-Gomes, Kawan William Correia-Sousa, Willane da Silva Rodrigues, Sandara Nadja Rodrigues Brasil e Flávio Kulaif Ubaid. A pesquisa contou com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e da Universidade Estadual do Maranhão, por meio de editais de fomento à pesquisa.