Na ótica cristã, o Natal é uma festa religiosa que celebra o nascimento de Jesus. Porém, ao longo dos anos, o dia 25 de dezembro ganhou outros significados, como a união dos entes queridos, a troca de presentes e a expectativa da chegada do Papai Noel pelas crianças. Nas famílias de religiões de matrizes africanas, a data também é um momento de confraternização.
De acordo com Leonel Monteiro, presidente da Associação Brasileira Afromeríndia, o arroz com passas e o amigo secreto não são tradições mantidas apenas pelos cristãos. Para ele, o Natal é uma data em que as famílias costumam estar juntas – inclusive as famílias de axé.
“Não comemoramos nesse sentido religioso, mas sim no de confraternizar. É momento de encerramento de ciclos, de estar junto dos amigos, da família de sangue e da de axé”, explicou.
Umbanda
A Umbanda é uma religião brasileira que nasceu em 1908, em Niterói, no Rio de Janeiro, e incorpora elementos do espiritismo, do catolicismo, das tradições indígenas e, principalmente, das religiões africanas.
Para Pai Raimundo, do Centro de Umbanda Paz e Justiça, localizado em Salvador, o Natal é momento de encontro e de caridade. No centro, é comum acontecerem confraternizações na casa dos frequentadores, amigos secretos, sorteios de brindes e doações para famílias em situação de vulnerabilidade.
“Em religião de matriz africana, tudo é comida! Então fazemos café da manhã, churrasco, amigo secreto…”, brincou.
As lideranças do centro também acreditam na importância da figura do Papai Noel para o imaginário das crianças. “Não queremos quebrar essa beleza. Em um mundo com tanta crueldade, é importante que elas tenham a imaginação”, disse.
Essa época do ano também é um período de reflexão e planejamento para todos os frequentadores. Na última reunião, feita antes do Natal, o guia da Casa faz o jogo de búzios para entender quais orixás vão reger o ano de 2025.
No Centro de Umbanda Paz e Justiça, o próximo ano será de Iansã e Oxum, duas orixás femininas, divindades dos ventos e da água doce, respectivamente.
Após descobrir os orixás regentes, o guia da Casa também recomenda banhos para que o próximo comece da melhor forma possível e orienta que os frequentadores que estiverem em dívida com as entidades, as paguem antes do fechamento do ciclo.
Independente de ser cristão, ateu ou umbandista, para Pai Raimundo o importante é uma coisa só: manter o espírito natalino vivo ao longo dos 365 dias do ano.
“O que eu acho importante frisar é que o sentimento do Natal, que é essa solidariedade e união, ele precisa existir todo dia. O amor ao próximo precisa existir todo dia, não só no final do ano”, afirmou.
Com informações de G1 BA