
Uma pesquisa realizada pela Fundação Getulio Vargas (FGV) está analisando as regiões mais impactadas pelo aumento das tarifas de exportação. Entre os dias 1º e 5 de agosto, a Central de Cooperativas Apícolas do Semiárido Brasileiro (Casa Apis), situada em Picos, a 314 km de Teresina, exportará três contêineres de mel para os Estados Unidos. O presidente da cooperativa, Sitônio Dantas, considerou o adiamento da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros como um fator positivo para o setor.
Detalhes das Exportações
Dantas informou que o primeiro embarque ocorrerá na sexta-feira (1º), seguido por mais dois embarques entre segunda e terça-feira (5). Ele ressaltou que, por questões contratuais, o cliente americano arcará com a taxa de 50%. O mel orgânico está sendo comercializado a 3 mil dólares por tonelada, sendo que o primeiro embarque será custeado pela cooperativa, enquanto os outros dois serão pagos pelos importadores.
O presidente acredita que o tarifaço de Trump pode aumentar a demanda interna pelo mel, uma vez que os exportadores estão buscando novos mercados em outros países, especialmente na Europa.
Preocupações com o Mercado
José Claro de Sousa, um apicultor da região, transferiu mais de 600 enxames do Piauí para o Maranhão em busca de melhores condições para a produção de mel, evitando a seca. No entanto, ele ainda não tem previsão de colheita devido à queda nos preços após o anúncio do tarifaço. Segundo ele, a incerteza em relação ao mercado americano, que antes absorvia 90% do mel produzido, agora gera preocupações.
O preço normal do mel gira em torno de R$ 18,50 por quilo, mas atualmente está sendo adquirido a R$ 15,00. Devido a essa situação, José decidiu adiar a colheita em cerca de 15 dias, na esperança de que os preços melhorem e que a taxação não se concretize.
Incertezas no Setor
Samuel Araújo, empresário e principal exportador de mel do Brasil pelo Grupo Sama, destacou que os Estados Unidos são responsáveis por cerca de 75% das exportações do produto. Embora tenha havido cancelamentos de embarques, os contratos permanecem ativos, pois os importadores ainda necessitam do mel. Araújo enfatizou que o principal desafio atual é a incerteza, que afeta não apenas os exportadores, mas também os colaboradores e a cadeia de fornecimento, composta em grande parte por agricultores familiares.
Os Estados Unidos consomem aproximadamente 80% do mel produzido no Brasil, e em 2024, o Piauí foi o estado brasileiro que mais exportou o produto para o país. Contudo, o tarifaço, anunciado em 9 de julho, resultou no cancelamento imediato de grandes encomendas, com 152 toneladas de mel que deixaram de ser enviadas para os EUA. Caso a tarifa de 50% seja efetivada, ela entrará em vigor na quarta-feira (6) e afetará diretamente mais de 12 mil famílias de pequenos apicultores piauienses.
Impacto Econômico
O impacto econômico da tarifa no setor é significativo, considerando que o Piauí ocupa a 22ª posição em exportações gerais para os Estados Unidos, mas mantém uma relação comercial forte, com 85% das exportações de mel destinadas ao mercado americano. A situação exige atenção e estratégias para minimizar os efeitos adversos do tarifaço sobre os apicultores e a produção local.