
O maior cajueiro do mundo, localizado em Parnamirim, na Grande Natal, terá sua poda adiada para fevereiro do próximo ano. Inicialmente prevista para ocorrer em 2025, a decisão foi tomada pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema) devido ao início do período de floração da árvore, que se estende até novembro.
A possibilidade de cortar a árvore centenária gerou intensos debates entre autoridades, ambientalistas, moradores e comerciantes, especialmente durante audiências públicas realizadas em junho. Enquanto alguns defendem a poda como uma medida preventiva, outros se opõem, temendo que isso possa comprometer a saúde e a longevidade do cajueiro, que é um dos principais pontos turísticos do litoral potiguar.
O Idema esclareceu que, após o período de floração, ocorrerá a frutificação da árvore em dezembro e janeiro, o que também inviabiliza a poda. A decisão de podar o cajueiro foi determinada pela Justiça em uma ação que tramita há mais de dez anos. O adiamento se deu porque o Idema precisou apresentar uma agenda de atividades para diversas instituições, como a Câmara de Vereadores de Parnamirim e o Ministério Público, o que prolongou o cronograma.
Durante o período de floração e frutificação, o Idema planeja realizar um manejo fitossanitário para combater pragas, como cupins, que têm afetado a planta. O investimento previsto para a poda é de R$ 200 mil, e o processo pode levar até seis meses.
O Cajueiro de Pirangi, nome dado por estar situado na praia de Pirangi do Norte, é reconhecido pelo Guiness Book desde 1994 como o maior do mundo, abrangendo aproximadamente 10 mil metros quadrados. Em 2024, mais de 350 mil turistas visitaram a árvore, que se tornou um símbolo do Rio Grande do Norte.
Em junho, o Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) entrou com um recurso solicitando que a sentença que determina a poda fosse complementada com um estudo técnico mais detalhado. O MP alegou que houve omissão na decisão e que não foi intimado sobre a sentença. A ação judicial destaca que o Idema deve realizar um “estudo prévio” que viabilize a poda, garantindo o desenvolvimento saudável da árvore e a segurança dos transeuntes.
A proposta de poda tem gerado polêmica, pois moradores da região argumentam que a árvore invadiu ruas e ameaça propriedades próximas. Estima-se que cerca de 1,2 mil metros da planta ultrapassam a área cercada, e em algumas avenidas, os galhos ocupam metade da via. O juiz Airton Pinheiro acatou a ação para garantir a segurança do trânsito na área.
Thales Dantas, diretor técnico do Idema, defendeu a poda como uma medida necessária para o cuidado da árvore, que nunca passou por um processo de poda fitossanitária em seus 137 anos de vida. Ele enfatizou que a intervenção não tem a intenção de prejudicar o cajueiro, mas sim de preservá-lo e evitar acidentes.
Por outro lado, a bióloga Mica Carboni, que trabalhou no cajueiro, expressou preocupações sobre os riscos da poda, afirmando que poderia resultar em uma “catástrofe” para a planta. Segundo ela, o crescimento da árvore se deve ao enraizamento de seus galhos, que a rejuvenescem e permitem que frutifique mesmo após 140 anos. Carboni destacou que a poda indiscriminada poderia limitar o crescimento e acelerar o envelhecimento do cajueiro, comprometendo sua saúde a longo prazo.