
Os preços ao produtor no Brasil apresentaram uma retração de 0,48% em outubro, conforme relatório divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última sexta-feira, 5. Esta é a nona queda consecutiva do Índice de Preços ao Produtor (IPP), que avalia a variação dos preços “na porta da fábrica”, excluindo impostos e frete, abrangendo 24 atividades das indústrias extrativas e de transformação.
Com esta performance, o IPP acumulou uma redução de 1,82% nos últimos 12 meses. Em setembro, o índice já havia apresentado retração de 0,24%, indicando uma tendência persistente de queda em preços ao produtor no país.
Entre as 24 atividades industriais analisadas pelo IBGE, 11 tiveram variações negativas entre setembro e outubro. Destacaram-se as quedas mais significativas nos segmentos de outros produtos químicos, com recuo de 2,00%, e calçados e produtos de couro, que diminuiu 1,60%. Além disso, setores como alimentos (-0,36 ponto percentual), outros produtos químicos (-0,16 p.p.), metalurgia (-0,11 p.p.) e refino de petróleo e biocombustíveis (-0,09 p.p.) foram os principais responsáveis pelo desempenho negativo geral.
O setor de alimentos, que recuou 1,47% em outubro — marcando a sexta queda consecutiva — foi um dos principais motores do índice em retração. Segundo o IBGE, essa queda foi influenciada principalmente pelo comportamento do açúcar VHP, cujo preço naturalmente diminui durante a safra da cana-de-açúcar.
Alexandre Brandão, gerente de análise e metodologia do IBGE, explicou outros fatores que impactaram negativamente o índice, como os preços do leite e das carnes bovinas frescas. O leite sofreu pressão devido à maior captação nas bacias leiteiras, o que reduziu o custo da matéria-prima, enquanto a carne bovina registrou menor demanda e aplicação de descontos pontuais pelas empresas.
Dessa forma, o indicador revela um cenário de preços ao produtor em queda no Brasil, evidenciando a influência de setores chave da indústria e da agroindústria na composição do índice.