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Quadrilheiros enfrentam dificuldades financeiras para manter desfiles no São João: ‘Todos endividados, mas felizes’
21 de junho de 2025 / 10:52
Foto: Divulgação

Integrantes de quadrilhas juninas em Pernambuco, muitos deles oriundos de famílias de baixa renda, demonstram uma dedicação extraordinária às suas tradições culturais, enfrentando altos custos para participar dos desfiles. Com orçamentos que podem ultrapassar centenas de milhares de reais, a escassez de patrocínios faz com que esses grupos busquem apoio no setor público e em doações da comunidade para manter viva a essência do espetáculo.

Os quadrilheiros, que frequentemente precisam arcar com despesas do próprio bolso, relatam que muitos acabam contraindo dívidas para garantir a beleza e a grandiosidade das apresentações. Joel Farias, integrante da Quadrilha Junina Tradição, revelou que sua dívida no cartão de crédito chegou a R$ 15 mil, destacando que todos os membros da quadrilha se esforçam para contribuir com o que podem: “Todo mundo endividado e feliz.”

Tamyres dos Santos, cabeleireira e quadrilheira há duas décadas, investe cerca de R$ 1.500 em seu vestido para desfilar com a Tradição. Ela enfatiza que o amor pela quadrilha é o que motiva os integrantes a fazerem sacrifícios: “Quem é realmente quadrilheiro faz por amor.”

Esse esforço também é evidente em outras agremiações, como a Junina Dona Matuta, localizada no bairro de San Martin, na Zona Oeste do Recife. A empresária Marcela Barroso, que desfila como noiva, estima que já gastou mais de R$ 12 mil na confecção de seu figurino, repleto de bordados e brilhos. Ela afirma que a realização pessoal que sente ao participar não tem preço.

Além dos gastos individuais, as quadrilhas enfrentam desafios financeiros ainda mais significativos para financiar todo o espetáculo. Vivia Lopes, tesoureira da Dona Matuta, explica que os custos aumentam consideravelmente durante o período junino, somando entre R$ 270 mil e R$ 300 mil, devido à necessidade de alugar equipamentos e materiais para os arraiais.

O presidente da Quadrilha Tradição, Gildo Brito, revelou que o orçamento deste ano é de R$ 268 mil. Para suprir essa demanda, a quadrilha realiza seis eventos ao longo do ano, conseguindo arrecadar 90% do valor necessário, enquanto os 10% restantes são obtidos apenas após o São João.

Para enfrentar a complexidade financeira, muitas quadrilhas decidiram se formalizar como empresas, obtendo CNPJ. Essa formalização é fundamental para acessar recursos públicos, participar de editais e facilitar negociações com fornecedores, garantindo melhores condições e produtos. A contadora Josy Tenório explica que essa estratégia é essencial para a sustentabilidade das quadrilhas, já que muitos recursos só são disponibilizados mediante essa formalização.

O amor e a dedicação dos integrantes das quadrilhas juninas em Pernambuco são evidentes, e apesar das dificuldades financeiras, eles continuam a celebrar suas tradições com paixão e entusiasmo.