
O sistema de transporte coletivo de João Pessoa ainda enfrenta desafios significativos para recuperar a demanda de passageiros que existia antes da pandemia de Covid-19. Dados recentes do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros no Município de João Pessoa (Sintur-JP) revelam que, em 2025, a operação do sistema apresenta um déficit de 17,3% em relação a 2019.
Em 2019, a média mensal de passageiros era de 5.113.930, enquanto atualmente esse número caiu para 4.229.905, o que representa apenas 82,7% da demanda pré-pandemia. Este índice é inferior à média nacional, que alcançou 86% até abril deste ano, conforme informações da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU).
O Sintur-JP alerta que a diminuição no número de passageiros compromete a sustentabilidade do sistema. “A atual situação do transporte coletivo no Brasil é desafiadora. As dificuldades econômicas, as condições precárias das vias, a falta de prioridade para os ônibus no trânsito e o tratamento tributário das três esferas de governo, além da insuficiência de faixas exclusivas e a concorrência com aplicativos de transporte, são obstáculos que precisam ser superados para evitar um trânsito cada vez mais caótico nas ruas”, afirmou Isaac Júnior, diretor de relações institucionais do Sintur-JP.
O sindicato também destaca que a recuperação da demanda está ligada a diversos fatores. Um deles é a velocidade média dos ônibus, que tem sido afetada pelo aumento do tráfego, especialmente em horários de pico, e pelas condições das vias. Além disso, a mudança no perfil dos deslocamentos, impulsionada pelo crescimento do teletrabalho, resultou em uma diminuição na frequência de uso do transporte coletivo por parte dos trabalhadores, que representam mais de 30% dos passageiros pagantes em João Pessoa, principalmente através do Vale Transporte. A maior parte dos usuários, cerca de 39%, é composta por passageiros que utilizam gratuidades, como idosos e pessoas com deficiência.
Para o Sintur-JP, os aplicativos de transporte individual devem ser vistos como serviços complementares e não como concorrentes diretos do transporte coletivo. “O transporte por aplicativo, táxis, bicicletas, trens e outros modais não são concorrentes do transporte coletivo, mas sim complementares. Nenhum meio de transporte isolado pode resolver os problemas de mobilidade nas cidades. É necessária uma regulamentação planejada e justa para garantir a segurança dos usuários”, afirma Isaac Jr. Moreira, diretor institucional do Sintur-JP.
Apesar do cenário desafiador, as empresas concessionárias continuam investindo na renovação da frota. Até junho de 2025, João Pessoa já recebeu 55 novos ônibus, com a previsão de entrega de mais veículos até o final do ano, totalizando 70 unidades em 2025. Desde 2023, 180 ônibus novos foram incorporados, representando cerca de 45% da frota em operação.
Esse avanço posiciona João Pessoa como a terceira capital do Nordeste com a frota mais nova, segundo o Sintur-JP. Entre os diferenciais oferecidos, destaca-se o serviço “Geladinho”, que disponibiliza ônibus executivos com ar-condicionado e wi-fi gratuito. A renovação da frota e a introdução de serviços diferenciados são estratégias para atrair novos passageiros.