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Queda na população de Salvador é atribuída à qualidade de vida e falta de oportunidades
30 de agosto de 2025 / 10:59
Foto: Divulgação

A recente divulgação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela que Salvador enfrentou uma significativa perda populacional, com quase 5 mil pessoas deixando a cidade entre 2024 e 2025. Especialistas indicam que muitos desses indivíduos migraram para cidades da Região Metropolitana (RMS), em busca de melhores condições de vida e oportunidades.

Salvador apresenta o maior índice de evasão entre as capitais brasileiras, refletindo uma tendência de declínio populacional que se intensificou desde o Censo de 2022. Segundo Mariana Viveiros, supervisora de disseminação de informações do IBGE, a capital baiana tem registrado baixas taxas de natalidade, mas a principal razão para a diminuição da população é a busca por qualidade de vida.

Embora o IBGE não especifique as causas do êxodo, a migração pode ser observada através do crescimento populacional em cidades da RMS. “Cidades como Lauro de Freitas e Camaçari estão se expandindo rapidamente, com um número considerável de migrantes recentes. É bastante provável que muitos desses novos moradores tenham vindo de Salvador”, comenta Mariana.

O doutor em Antropologia pela Universidade de São Paulo (USP), Ordep Serra, analisa que o crescimento desordenado do turismo e a falta de investimentos em infraestrutura urbana podem estar contribuindo para essa migração. Ele destaca que a alta densidade populacional de Salvador, combinada com a baixa qualidade de vida, cria um cenário propício para que as pessoas busquem novas residências.

Mariana Viveiros também corrobora essa visão, acrescentando que fatores como segurança pública e mobilidade urbana têm um papel crucial na decisão de deixar a capital. “As pessoas geralmente migram em busca de melhores condições de vida. Historicamente, as migrações eram motivadas por oportunidades de trabalho e renda, mas atualmente, a qualidade de vida, que inclui segurança, mobilidade, e infraestrutura de lazer e cultura, é cada vez mais relevante”, analisa.

Censo 2022: Bahia e a perda populacional

De acordo com o IBGE, além de Salvador, outras cidades na Bahia também apresentaram quedas significativas na população. Itabuna e Camacan, ambas no sul do estado, foram as que mais perderam habitantes. Apesar da redução, Salvador continua sendo o quinto município mais populoso do Brasil. Em nível nacional, 37,3% dos municípios (2.079 de 5.571) registraram diminuições populacionais.

A Região Metropolitana de Salvador foi a única entre as regiões com mais de 1 milhão de habitantes a apresentar variação negativa na população, com uma redução de -0,01%, o que representa 317 pessoas, totalizando 3.623.330 habitantes. Dentre os 12 municípios da RMS, três experimentaram quedas populacionais de um ano para o outro:

  • Candeias: -0,3% (menos 229 pessoas, totalizando 74.854 habitantes);
  • Pojuca: -0,1% (menos 35 pessoas, totalizando 33.573 habitantes);
  • Itaparica: -0,1% (menos 16 pessoas, totalizando 20.353 habitantes).

Em contrapartida, cidades como Lauro de Freitas destacaram-se com um crescimento populacional de 0,7% (mais 1.604 pessoas, totalizando 219.564 habitantes), seguidas por Camaçari (0,7%, mais 2.242 pessoas) e Vera Cruz (0,5%, mais 213 pessoas, alcançando 45.191 moradores).

Bahia: Quinto estado com maior perda populacional

Os dados indicam que a Bahia é o quinto estado com a maior porcentagem de municípios com redução populacional entre 2024 e 2025, com 44,1%. Os estados que lideram essa lista são Alagoas (55,9%), Rondônia (51,6%), Rio Grande do Sul (50,5%) e Tocantins (48,9%).

As estimativas populacionais revelam que metade dos habitantes da Bahia (50,2% ou 7,5 milhões de pessoas) reside em apenas 8,2% dos municípios do estado, ou seja, 34 das 417 cidades. As 10 cidades mais populosas, que se mantiveram inalteradas desde 2024, concentram um terço da população do estado (34,7% ou 5,2 milhões de pessoas).

Os dez municípios com maiores taxas de crescimento

Em termos absolutos, os municípios mais populosos apresentaram os maiores aumentos. Feira de Santana, a 100 km de Salvador, liderou com um acréscimo de 2.858 pessoas, totalizando 660.806 habitantes, tornando-se a segunda maior população da Bahia. Vitória da Conquista, no sudoeste do estado, seguiu com um aumento de 2.589 pessoas, alcançando 396.613 moradores, a terceira maior população do estado. Camaçari, na região metropolitana, registrou um crescimento de 2.242 habitantes, atingindo 321.636, a quarta maior população da Bahia.

Cidades com mais de 500 mil habitantes

Em julho de 2025, a Bahia contava com apenas dois municípios com mais de 500 mil habitantes: Salvador e Feira de Santana. Além disso, 16 cidades (3,8% dos 417 municípios) tinham entre 100 mil e 500 mil moradores. A distribuição populacional é a seguinte:

  • 28 municípios (6,7%) com entre 50 mil e 100 mil habitantes;
  • 119 (28,5%) com entre 20 mil e 50 mil moradores;
  • 82 (43,6%) com entre 10 mil e 20 mil habitantes;
  • 70 (16,8%) com menos de 10 mil moradores.

Além disso, dados do Censo de 2022 indicam que quatro em cada dez habitantes de Salvador viviam em favelas, e a população quilombola é predominantemente jovem e masculina. A insegurança alimentar também é um problema significativo, afetando quatro em cada dez lares na Bahia. Os números de favelas na Bahia mais que dobraram em 12 anos, refletindo desafios sociais e econômicos que a região enfrenta.