
Queijo artesanal de Caicó conquista reconhecimento nacional
A tradição da produção de queijos em Caicó, no Seridó potiguar, ganhou destaque em nível nacional. A Queijeira Dona Gertrudes, que opera há 50 anos, obteve seis medalhas na 8ª edição do Prêmio Queijo Brasil, realizado em Blumenau (SC), incluindo três medalhas de ouro.
O empreendimento começou em 1975 com técnicas simples e mantém a essência do trabalho familiar. Gertrudes Fernandes, fundadora da marca, recorda seus primeiros passos na produção de queijos. “Eu fui morar no sítio e tinha umas vaquinhas. Comecei com 10 litros de leite, fazendo o queijinho na prensa de madeira. O povo foi acreditando e gostando do queijo. Até hoje, eu procuro toda vida manter a qualidade”, relembra.
A habilidade artesanal, herdada das tradições do Seridó, é transmitida de geração em geração, garantindo a continuidade da tradição familiar. “Eduquei a todos sobre a qualidade do queijo. Quero que, quando eu não existir, eles mantenham essa qualidade. Não é só fazer de qualquer jeito, é fazer com amor”, enfatiza Gertrudes.
Para ela, o segredo do sucesso vai além da técnica; é necessário um compromisso genuíno com o produto. “É preciso ter um bom trabalho, ter amor e pedir a Deus que me ajude. Eu quero que vá crescendo. Hoje, eu quase não trabalho, mas quero que meus filhos continuem”, complementa.
Compromisso com a qualidade e a tradição
A filha de Gertrudes, Alane Fernandes, destaca que a queijeira buscou se profissionalizar ao longo dos anos, tornando-se a primeira registrada no Rio Grande do Norte. “Esse pioneirismo veio com muitas dificuldades, numa época sem acesso à informação. Mas conseguimos vencer barreiras para manter a tradição e, ao mesmo tempo, melhorar processos”, relata.
Alane enfatiza que a qualidade do queijo começa na matéria-prima. “O segredo de um queijo premiado começa no leite, no trabalho com o produtor. A valorização do que é produzido no curral é fundamental. Não basta saber fazer, é preciso ter insumos de qualidade.”
A Queijeira Dona Gertrudes já conquistou várias premiações em concursos nacionais. “No ano passado foram cinco medalhas, este ano já são seis. Isso mostra que nossos produtos, não apenas um item, mas toda a linha, conseguem agradar e levar a marca do Seridó para o Brasil”, afirma Alane.
A produção de queijos é mais do que um negócio; é parte da cultura regional. Para Gertrudes, a identidade cultural sempre foi uma prioridade. “Eu quero saber da qualidade e atender o público com um produto que represente a nossa terra. Meu compromisso é manter a tradição”, declara.
A família acredita que a história da queijeira é entrelaçada com a história do Seridó. “Nós amamos fazer queijo e amamos Caicó. É uma terra de povo trabalhador, que tira leite de pedra. Essa é a essência que queremos manter”, conclui Alane.