
Cortes nos recursos orçamentários previstos para 2025 estão impactando severamente o pagamento de despesas essenciais, como energia e segurança, nas universidades federais de Pernambuco. Os gestores alertam que a situação é crítica e que o financiamento disponível só é suficiente para manter as instituições até agosto deste ano. O reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Alfredo Gomes, destacou um déficit orçamentário que pode chegar a R$ 32 milhões até dezembro de 2024.
Durante uma coletiva de imprensa realizada na manhã desta terça-feira (15), na reitoria da UFPE, os reitores de várias instituições, incluindo Maria José de Sena (UFRPE), Télio Nobre Leite (Univasf) e Airon Melo (Ufape), discutiram a grave situação financeira enfrentada pelas universidades.
Verba aprovada é insuficiente
Gomes revelou que a verba destinada à UFPE para 2025 é 56,88% menor do que a enviada em 2014. Em termos nacionais, essa redução representa uma perda de mais de R$ 1,5 bilhão, enquanto a UFPE enfrenta um déficit de R$ 42,7 milhões, sem considerar a correção da inflação. Caso a inflação fosse levada em conta, o déficit total para as universidades federais ao longo de uma década seria de R$ 8,3 bilhões, e de R$ 224,8 milhões apenas para a UFPE.
O reitor também criticou a forma como os recursos foram distribuídos, afirmando que, se a verba tivesse sido dividida em 12 parcelas, a UFPE teria recebido cerca de R$ 65 milhões para os primeiros meses do ano. Contudo, o que foi recebido foi apenas R$ 49 milhões, um valor insuficiente para cobrir as despesas mensais da universidade.
As contas referentes aos meses de abril e maio já estão em risco, uma vez que as despesas mensais da UFPE somam R$ 13 milhões, enquanto apenas R$ 10 milhões estão disponíveis para pagar mais de 60 contratos e garantir a assistência estudantil.
Contratos essenciais em risco
Os reitores destacaram que os contratos mais ameaçados são aqueles considerados essenciais, incluindo segurança, manutenção, limpeza, fornecimento de energia e transporte. A reitora Maria José Neves, da UFRPE, alertou que a universidade começou o ano com um passivo de R$ 7 milhões, o que agrava ainda mais a situação financeira. Ela afirmou que a UFRPE está operando em colapso, enfrentando até mesmo a possibilidade de corte de serviços essenciais como segurança e manutenção.
Assistência estudantil comprometida
A preocupação com a continuidade dos estudantes na vida acadêmica também foi um ponto abordado pelos gestores, que relataram cortes significativos nas verbas destinadas a bolsas de estudo e manutenção. Entre 30% e 40% dos recursos destinados às universidades em Pernambuco são voltados para assistência estudantil, que inclui bolsas e restaurantes universitários.
O reitor da Univasf, Télio Nobre Leite, ressaltou que 60% dos alunos da instituição estão em situação de vulnerabilidade, e a redução de recursos coloca em risco a permanência desses estudantes nos cursos. Ele mencionou que algumas empresas terceirizadas já solicitaram o cancelamento de contratos com a Univasf, incluindo a fornecedora do Restaurante Universitário.
Ricardo Oliveira, presidente da Associação de Docentes da UFPE, também expressou sua preocupação com a dificuldade que os alunos enfrentam para frequentar as aulas, resultado da falta de recursos para transporte e alimentação. Ele destacou que a assistência estudantil foi uma das áreas mais afetadas, com um corte de R$ 2 bilhões, o que impacta diretamente na permanência dos estudantes.
Os reitores estão em contato com a bancada parlamentar de Pernambuco em busca de apoio junto ao Ministério da Educação (MEC) para resolver a situação. Eles entregaram um documento solicitando a recomposição do orçamento de R$ 2 bilhões, enfatizando a necessidade de ajustes tanto nominais quanto orçamentários.