João Pessoa 31.13 algumas nuvens Recife 31.02 algumas nuvens Natal 30.12 nuvens dispersas Maceió 30.69 nuvens dispersas Salvador 29.98 céu limpo Fortaleza 30.07 nublado São Luís 31.11 nublado Teresina 28.84 nublado Aracaju 29.97 nuvens dispersas
Reitores alertam sobre déficit de R$ 32 milhões na manutenção das universidades federais em Pernambuco
16 de abril de 2025 / 10:27
Foto: Divulgação

Cortes nos recursos orçamentários previstos para 2025 estão impactando severamente o pagamento de despesas essenciais, como energia e segurança, nas universidades federais de Pernambuco. Os gestores alertam que a situação é crítica e que o financiamento disponível só é suficiente para manter as instituições até agosto deste ano. O reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Alfredo Gomes, destacou um déficit orçamentário que pode chegar a R$ 32 milhões até dezembro de 2024.

Durante uma coletiva de imprensa realizada na manhã desta terça-feira (15), na reitoria da UFPE, os reitores de várias instituições, incluindo Maria José de Sena (UFRPE), Télio Nobre Leite (Univasf) e Airon Melo (Ufape), discutiram a grave situação financeira enfrentada pelas universidades.

Verba aprovada é insuficiente

Gomes revelou que a verba destinada à UFPE para 2025 é 56,88% menor do que a enviada em 2014. Em termos nacionais, essa redução representa uma perda de mais de R$ 1,5 bilhão, enquanto a UFPE enfrenta um déficit de R$ 42,7 milhões, sem considerar a correção da inflação. Caso a inflação fosse levada em conta, o déficit total para as universidades federais ao longo de uma década seria de R$ 8,3 bilhões, e de R$ 224,8 milhões apenas para a UFPE.

O reitor também criticou a forma como os recursos foram distribuídos, afirmando que, se a verba tivesse sido dividida em 12 parcelas, a UFPE teria recebido cerca de R$ 65 milhões para os primeiros meses do ano. Contudo, o que foi recebido foi apenas R$ 49 milhões, um valor insuficiente para cobrir as despesas mensais da universidade.

As contas referentes aos meses de abril e maio já estão em risco, uma vez que as despesas mensais da UFPE somam R$ 13 milhões, enquanto apenas R$ 10 milhões estão disponíveis para pagar mais de 60 contratos e garantir a assistência estudantil.

Contratos essenciais em risco

Os reitores destacaram que os contratos mais ameaçados são aqueles considerados essenciais, incluindo segurança, manutenção, limpeza, fornecimento de energia e transporte. A reitora Maria José Neves, da UFRPE, alertou que a universidade começou o ano com um passivo de R$ 7 milhões, o que agrava ainda mais a situação financeira. Ela afirmou que a UFRPE está operando em colapso, enfrentando até mesmo a possibilidade de corte de serviços essenciais como segurança e manutenção.

Assistência estudantil comprometida

A preocupação com a continuidade dos estudantes na vida acadêmica também foi um ponto abordado pelos gestores, que relataram cortes significativos nas verbas destinadas a bolsas de estudo e manutenção. Entre 30% e 40% dos recursos destinados às universidades em Pernambuco são voltados para assistência estudantil, que inclui bolsas e restaurantes universitários.

O reitor da Univasf, Télio Nobre Leite, ressaltou que 60% dos alunos da instituição estão em situação de vulnerabilidade, e a redução de recursos coloca em risco a permanência desses estudantes nos cursos. Ele mencionou que algumas empresas terceirizadas já solicitaram o cancelamento de contratos com a Univasf, incluindo a fornecedora do Restaurante Universitário.

Ricardo Oliveira, presidente da Associação de Docentes da UFPE, também expressou sua preocupação com a dificuldade que os alunos enfrentam para frequentar as aulas, resultado da falta de recursos para transporte e alimentação. Ele destacou que a assistência estudantil foi uma das áreas mais afetadas, com um corte de R$ 2 bilhões, o que impacta diretamente na permanência dos estudantes.

Os reitores estão em contato com a bancada parlamentar de Pernambuco em busca de apoio junto ao Ministério da Educação (MEC) para resolver a situação. Eles entregaram um documento solicitando a recomposição do orçamento de R$ 2 bilhões, enfatizando a necessidade de ajustes tanto nominais quanto orçamentários.