
A regeneração da Mata Atlântica no Litoral da Paraíba tem trazido resultados significativos, com o retorno de espécies ameaçadas de extinção a áreas que antes estavam degradadas. Desde 2020, aproximadamente 493 hectares de vegetação nativa passaram por processos de restauração em Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) localizadas em Santa Rita, na Região Metropolitana de João Pessoa.
A iniciativa, coordenada pelo Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (Cepan), visa reconectar 1.800 hectares de floresta, formando uma malha contínua de vegetação que facilita o fluxo de espécies e fortalece os ecossistemas locais. Joaquim Freitas, coordenador geral do Cepan, destacou a urgência dessas ações, ressaltando que a região é um “hotspot de biodiversidade”, abrigando muitas espécies endêmicas, algumas das quais estão ameaçadas.
Entre os animais que retornaram à área regenerada, estão o macaco-prego-galego (Sapajus flavius) e o guariba de mãos ruivas (Alouatta belzebul). As principais ameaças a essas espécies incluem a perda de habitat devido ao desmatamento, a expansão urbana e a caça.
Freitas afirmou que a restauração não apenas visa recuperar a biodiversidade vegetal, mas também criar habitats que permitam a circulação e a estabilização das espécies, promovendo seus processos naturais.
Desmatamento e Restauração
Dados recentes do MapBiomas indicam que o desmatamento na Mata Atlântica caiu 59,6% em 2023, o que representa o menor índice entre os biomas brasileiros. No entanto, a pressão sobre as áreas remanescentes permanece alta, especialmente no Nordeste, onde a floresta é mais fragmentada e vulnerável.
O trabalho de restauração na região é fundamentado em estudos iniciados em 2014 e emprega técnicas como a “muvuca de sementes”, que consiste na semeadura direta com uma mistura de sementes nativas, além do plantio de mudas e da condução da regeneração natural. A maior parte das áreas reflorestadas está situada nas propriedades da Usina Japungu, que também é responsável pelas reservas envolvidas.