
A partir desta sexta-feira (5), Salvador inicia oficialmente a aplicação da vacina pelo SUS contra o vírus sincicial respiratório (VSR), um dos principais responsáveis por infecções respiratórias graves em recém-nascidos e crianças pequenas, como bronquiolite e pneumonia. A campanha, coordenada pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), marca um passo histórico para a saúde pública brasileira: é a primeira vez que o imunizante é disponibilizado gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), uma medida que amplia o acesso à prevenção, já que, na rede privada, a dose pode chegar a custar até R$ 1,5 mil.
No total, o estado da Bahia recebeu 44.525 doses da vacina, sendo 3 mil destinadas à capital. Essas doses já estão distribuídas entre todas as salas de vacinação do município, garantindo capilaridade e permitindo que gestantes de todos os bairros tenham acesso ao imunizante sem restrições geográficas.
O público prioritário da campanha são gestantes a partir da 28ª semana de gravidez, fase na qual a resposta imunológica materna tende a ser mais favorável para a transferência de anticorpos ao feto. A estratégia de vacinação materna é amplamente respaldada por especialistas e órgãos de saúde devido ao mecanismo de proteção chamado imunidade passiva: a mãe, ao ser vacinada, produz anticorpos que atravessam a placenta e protegem o bebê nos primeiros meses de vida — justamente o período em que o risco de hospitalização por VSR é mais elevado.
Estudos clínicos mostram que o imunizante apresenta 81,8% de eficácia na prevenção de complicações respiratórias severas causadas pelo VSR nos primeiros 90 dias de vida do bebê. Esse dado é especialmente relevante considerando que, antes da disponibilidade da vacinação pelo SUS, não havia uma estratégia pública de ampla cobertura capaz de proteger os recém-nascidos de maneira tão eficaz.
O Ministério da Saúde divulgou que, entre janeiro e 22 de novembro deste ano, o Brasil registrou 43.200 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) relacionados ao vírus sincicial. Na Bahia, foram contabilizados 2.269 casos, dos quais 1.870 ocorreram em crianças menores de dois anos — um índice que representa 82,42% das notificações no estado. Esses números reforçam o impacto do VSR entre os mais jovens e evidenciam a necessidade de medidas preventivas mais amplas.
Em nível nacional, o vírus sincicial é responsável por aproximadamente 75% das bronquiolites e 40% das pneumonias em crianças pequenas, doenças que frequentemente requerem internação e, em quadros mais graves, podem levar à necessidade de suporte ventilatório. Diante desse cenário, a introdução da vacina no SUS representa um avanço importante para reduzir a pressão sobre os serviços de urgência e unidades de terapia intensiva pediátrica, especialmente durante períodos sazonais de maior circulação viral.
Com a chegada da imunização ao sistema público, a expectativa da Prefeitura de Salvador e do Ministério da Saúde é de que a campanha contribua significativamente para diminuir hospitalizações, evitar complicações graves e ampliar a segurança de mães e bebês na capital baiana. A partir dessa iniciativa, Salvador se junta às cidades brasileiras que começam a implementar uma nova etapa no combate às doenças respiratórias infantis, fortalecendo a estratégia nacional de prevenção e cuidado com a primeira infância.