
É notável como os três principais grupos da música brasileira que emergiram entre as décadas de 1960 e 1970 trilharam caminhos marcados por intensos conflitos, desentendimentos internos e separações dolorosas. Esse período, considerado um dos mais férteis da produção musical nacional, também foi palco de tensões criativas e disputas que, embora turbulentas, ajudaram a moldar a identidade artística de cada um desses coletivos.
A cena musical brasileira vivenciou polêmicas de grande repercussão entre os membros dos Novos Baianos, grupo conhecido por sua irreverência, experimentalismo e convivência comunitária. Atritos relacionados a visões musicais distintas, convivência intensa e pressões externas acabaram por gerar instabilidades que influenciaram diretamente os rumos da banda.
Da mesma maneira, os embates entre Rita Lee e os irmãos Baptista, tanto no contexto dos Mutantes quanto em suas carreiras posteriores, se tornaram emblemáticos. As divergências sobre direção artística, estilo e protagonismo criativo culminaram em rupturas que marcaram profundamente o percurso desses músicos, reverberando na forma como a música brasileira se reinventou ao longo dos anos.
Esses eventos tumultuados, embora dolorosos para os artistas envolvidos, foram determinantes não apenas para a consolidação de suas carreiras individuais, mas também para a evolução estética e cultural da música no Brasil. Cada conflito, cada separação e cada recomeço contribuiu para a construção de um legado singular, cuja influência ainda pode ser percebida nas novas gerações de músicos e no imaginário coletivo da cultura brasileira.
Assim, as histórias desses grupos revelam que, por trás da genialidade musical, existiam seres humanos complexos, movidos por paixões, diferenças e, sobretudo, por um desejo incessante de inovar. E é justamente dessa combinação de talento e turbulência que nasceu uma das fases mais ricas e transformadoras da música popular brasileira.