João Pessoa 28.13 nuvens dispersas Recife 28.02 nuvens dispersas Natal 28.12 nuvens dispersas Maceió 29.69 algumas nuvens Salvador 27.98 nublado Fortaleza 29.07 céu limpo São Luís 30.11 algumas nuvens Teresina 34.84 nuvens dispersas Aracaju 27.97 nuvens dispersas
Sol, flores e mel impulsionam o crescimento no Sertão dos Inhamuns
30 de julho de 2025 / 17:25
Foto: Divulgação

No coração do semiárido cearense, o Sertão dos Inhamuns se destaca por suas paisagens deslumbrantes, compostas por serras e veredas, além de um horizonte amplo. Nesse cenário desafiador e inspirador, a apicultura se firmou como uma atividade produtiva que simboliza resistência, inovação e identidade regional. Graças ao clima favorável e à flora nativa, especialmente a aroeira, o mel produzido na região conquistou espaço nas prateleiras de mercados nacionais e internacionais.

Esse crescimento não é resultado do acaso. Nos últimos anos, o Sebrae Ceará, através do Escritório Regional dos Inhamuns, tem desempenhado um papel crucial na transformação de desafios em resultados positivos. A organização tem trabalhado em parceria com cinco associações de apicultores em Aiuaba, Arneiroz, Parambu, Quiterianópolis e Tauá, atendendo mais de 120 produtores e promovendo capacitação, gestão e abertura de novos mercados.

Desenvolvimento da Cadeia Produtiva

“Temos um trabalho estruturado na cadeia produtiva do mel, desde o aumento da produtividade até a conquista de certificações e inserção em mercados mais exigentes. A apicultura é um dos principais ativos produtivos do Sertão dos Inhamuns e um vetor estratégico para o desenvolvimento local”, afirma Gina Sena, articuladora do Sebrae na região.

Embora a apicultura seja a principal atividade, o Sertão dos Inhamuns também apresenta potencial em áreas como a ovinocaprinocultura e a agricultura familiar. O Sebrae atua de maneira abrangente para fortalecer essas vocações, oferecendo programas de capacitação, acesso a crédito, regularização e estratégias de comercialização em todos os municípios da região.

Oportunidades Produtivas e Certificações

A região dos Inhamuns possui um rico patrimônio natural que favorece a apicultura. A vegetação de caatinga e o ciclo de florada da aroeira criam condições ideais para a produção de um mel com características únicas. Recentemente, o mel de aroeira obteve a certificação de Indicação Geográfica de Procedência (IG) pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), o que agrega valor ao produto e atesta sua autenticidade, reforçando a posição do ‘Mel de Aroeira dos Inhamuns’ nos mercados.

O reconhecimento é um resultado direto do trabalho do Sebrae, que agora busca a certificação orgânica. Os apicultores da região, que já exportam para a Suíça, estão expandindo suas vendas para outros países da Europa e Estados Unidos. “Inicialmente trabalhamos o aumento da produtividade e a qualidade do mel. Depois avançamos para rotulagem, boas práticas nas casas de mel e agora estamos incentivando novos produtos como o própolis. É um processo de amadurecimento técnico e mercadológico”, explica Gina.

A produção de mel no Sertão dos Inhamuns não é apenas uma atividade econômica, mas um modo de vida que carrega saberes coletivos. Com o apoio do Sebrae, os apicultores estão aprendendo a valorizar cada pote de mel, não apenas pelo sabor, mas pela sua origem. Ao investir em boas práticas, certificações e design de embalagem, o mel da região se transforma em um ativo econômico de prestígio e identidade.

Transformação em Aiuaba

Um exemplo notável é a Associação dos Apicultores de Aiuaba. Quando o Sebrae começou a atuar no município, a associação enfrentava conflitos internos e desorganização. Com um foco em resgatar o associativismo e organizar a produção, a associação agora vive um novo ciclo de sucesso. “Recebemos uma visita técnica do Sebrae para consultoria e aproveitamos essa oportunidade. Transformamos desafios em conquistas”, relata Cleide Fernandes, apicultora de Aiuaba.

Além de Aiuaba, a Associação dos Apicultores do Município de Tauá (APMUT) também se destaca como um caso de sucesso, tendo conquistado o Selo de Inspeção Federal (SIF) e modernizado sua agroindústria.

Desafios Persistentes

Apesar dos avanços, a cadeia produtiva ainda enfrenta desafios significativos, especialmente na regularização sanitária das casas de mel. Atualmente, apenas dois dos cinco municípios atendidos possuem casas de mel certificadas com o SIF, e em muitos locais, o Selo de Inspeção Municipal (SIM) não foi adequadamente implementado. Sem esses selos, o mel é vendido a granel, o que reduz seu valor agregado e limita o acesso a mercados mais exigentes.

Para reverter essa situação, o Sebrae desenvolveu um projeto abrangente que inclui consultorias gerenciais e tecnológicas, seminários e ações coletivas voltadas para a regularização e comercialização. O objetivo é permitir que mais apicultores possam fracionar, rotular e vender seus produtos de forma competitiva e legalizada.

“Trabalhar o acesso ao mercado e à legalidade é garantir que o pequeno produtor tenha as mesmas condições de crescimento. Nosso papel é gerar inclusão produtiva com competitividade”, enfatiza Gina.

As Salas do Empreendedor em diversos municípios também oferecem suporte aos produtores, micro e pequenos empreendedores, facilitando a abertura de novas empresas e orientando sobre processos e capacitações.

Para aqueles que ainda não participam dessas iniciativas, o caminho está aberto. Os produtores podem procurar o Escritório Regional do Sebrae em Tauá ou entrar em contato com as associações de apicultores de seus municípios. A oportunidade para um novo ciclo está mais próxima do que se imagina.