
O presidente da Central de Cooperativas Apícolas do Semiárido Brasileiro (Casa Apis) anunciou que, caso a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros seja mantida, os produtores estão considerando dividir os custos com os importadores. Essa declaração surge em um momento de incerteza para o mercado de mel, impactado pela recente taxação anunciada pelo governo dos Estados Unidos.
Na última segunda-feira (14), a Casa Apis informou que a liberação de contêineres com 95 toneladas de mel orgânico do Piauí ocorreu na noite anterior, após um apelo dos produtores aos seus clientes nos EUA. O embarque, que estava programado para a última sexta-feira (11), foi inicialmente suspenso devido ao temor dos compradores de que o produto chegasse ao país sob a nova tarifa, que entrará em vigor em 1º de agosto.
Os contêineres estavam no Porto do Pecém, em São Gonçalo do Amarante (CE), a mais de 500 km da sede da Casa Apis, em Picos, a 314 km ao sul de Teresina. O presidente da Casa Apis, Sitônio Dantas, expressou alívio com a liberação do embarque, ressaltando a longa relação comercial com os clientes: “Há mais de 15 anos trabalhamos com esses clientes. Na sexta-feira, fomos surpreendidos com a solicitação de suspensão do envio. Graças a Deus, recebemos a notícia ontem à noite de que o embarque foi liberado, atendendo à nossa solicitação feita aos clientes.”
Além disso, a Casa Apis está monitorando o destino de outra carga de mais de 500 toneladas de mel que enfrentava problemas semelhantes e estava parada no porto.
Contratos mantidos e novas avaliações
Apesar do cancelamento inicial do embarque, Sitônio Dantas esclareceu que os contratos com os clientes permanecem válidos. A expectativa é de que cerca de mil toneladas adicionais de mel sejam exportadas até o final do ano, somando-se às mil toneladas já enviadas entre janeiro e junho. “O que havia sido suspenso era o embarque, não os negócios. Nós temos contratos com essas empresas firmados até dezembro. Podemos dizer que estamos na metade desses contratos”, afirmou.
O presidente da Casa Apis também mencionou que as cooperativas estão avaliando as medidas a serem tomadas caso a tarifa de 50% se mantenha. “Agora é esperar até o dia 1º de agosto para ver como fica essa situação. Provavelmente, se permanecer 50%, o que é inviável para quase todos os negócios, vamos negociar e o consenso é de que vamos dividir essa despesa entre nós, exportadores e importadores”, completou.
Além da taxação, o setor apícola enfrenta outro desafio: a estiagem. Sitônio destacou que a seca afetou a safra, com uma previsão de queda de cerca de 40% na produção em 2025. “E agora mais essa questão [o tarifaço]. Vamos torcer e pedir a Deus para que tudo se encaminhe para um desfecho positivo”, disse ele.
Os Estados Unidos são responsáveis por 80% do mel produzido no Brasil. Embora o Piauí não tenha sido o maior estado produtor em 2024, liderou o ranking brasileiro de exportação de mel para o país.