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Taxa de deformidades em sapos de Fernando de Noronha atinge 50%, a maior do mundo, revela estudo
9 de junho de 2025 / 17:46
Foto: Divulgação

Estudiosos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) iniciaram uma nova fase de pesquisa para investigar as causas das deformidades em sapos encontrados em Fernando de Noronha. Esses anfíbios têm apresentado anomalias como falta de dedos nas mãos e pés, ausência de pernas e problemas de visão.

Após 15 anos de estudos na ilha, os pesquisadores descobriram que os sapos cururus, conhecidos cientificamente como Rhinella diptycha, apresentam a maior taxa de deformidade do mundo, com 50% dos indivíduos afetados. Em comparação, em outras regiões, como o Caribe, a taxa de malformação varia entre 10% e 20%, enquanto no continente a média é de cerca de 5%, considerada normal até mesmo para humanos. O biólogo Felipe Toledo, professor da Unicamp, destaca que essa espécie é introduzida na ilha, o que pode influenciar nos altos índices de deformidade.

A nova fase da pesquisa se concentrará na identificação dos fatores que contribuem para essas malformações. “Vamos analisar a água onde esses animais se reproduzem, investigar contaminantes químicos no solo e estudar órgãos como músculos e fígados dos sapos”, explicou Toledo. Uma das hipóteses é que a contaminação da água seja um dos principais fatores, já que o sapo pode atuar como um bioindicador de problemas ambientais na região.

Além disso, análises preliminares revelaram que os sapos da ilha têm ingerido plástico, o que é alarmante. “Encontramos plástico no estômago dos sapos analisados, uma quantidade sem precedentes. Se há plástico nos sapos, é provável que outros animais da região, como aves marinhas, também estejam expostos a esse problema”, afirmou Toledo.

A pesquisadora Mariana Carvalho, também da Unicamp, está envolvida no estudo e fará análises químicas da água e do solo para identificar poluentes metálicos e orgânicos, além de investigar os órgãos dos sapos para determinar se eles estão passando por estresse ou exposição a contaminantes. Ela sugere que a malformação pode ser resultado de múltiplos fatores, incluindo endogamia, uma vez que a população de sapos na ilha tem poucas oportunidades de cruzar com outros indivíduos geneticamente diferentes.

Os resultados da pesquisa serão apresentados em uma palestra no Centro de Visitantes do Projeto Tamar, nesta segunda-feira (9), às 19h, com entrada gratuita. Os pesquisadores também divulgarão um desenho animado que parodia a música “De repente, Califórnia”, abordando os resultados da pesquisa de forma lúdica e educativa. “Criamos o vídeo para comunicar nosso estudo de maneira acessível, especialmente para as crianças, promovendo a educação ambiental”, concluiu Toledo.