
A capital Teresina enfrenta um desafio significativo em relação à sua área verde, perdendo, em média, o equivalente a 217 campos de futebol por ano, segundo um levantamento da prefeitura. Para combater os efeitos do calor urbano, a cidade foi selecionada como uma das cinco do Brasil a participar do Acelerador de Soluções para o Calor Urbano, uma iniciativa da WRI Brasil. O projeto, intitulado “Territórios de Resfriamento”, será implementado na Zona Sudeste e tem como objetivo reduzir a temperatura em até 5°C.
O Acelerador de Soluções visa apoiar projetos sustentáveis que enfrentem o calor extremo, com foco em inclusão social e proteção de grupos vulneráveis. Em Teresina, a iniciativa tem como público-alvo as gestantes, buscando transformar praças e hortas urbanas em áreas mais frescas.
Pesquisa Inédita
A escolha do projeto baseou-se em uma pesquisa inédita que analisa o impacto do calor extremo na saúde das gestantes e no desenvolvimento dos bebês. O estudo, realizado em parceria com o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), revelou dados alarmantes:
- 88% das gestantes relataram efeitos físicos causados pelo calor;
- 93% sentiram um aumento no cansaço e 57% tiveram dificuldades para respirar;
- 69% não frequentam praças devido à falta de segurança ou atratividade, mesmo com 60% indo a pé às consultas nas UBSs;
- 87% não receberam orientação médica sobre como lidar com o calor;
- 75% associaram infecções, como candidíase ou urinária, ao calor;
- O calor pode afetar o fluxo sanguíneo fetal, aumentando o risco de parto prematuro e natimorto.
Plano de Ação Climática
Além disso, a Agenda Teresina 2030 lançou em 2023 o Plano de Ação Climática, que diagnostica a cidade diante da crise climática e aponta:
- Crescimento das ilhas de calor nas áreas urbanas;
- Necessidade de integrar o tema climático às políticas públicas de saúde, educação, urbanismo e economia;
- Participação da sociedade civil e especialistas na criação de soluções;
- Estruturação em dois eixos: redução de emissões e enfrentamento dos impactos socioeconômicos das mudanças climáticas.
De acordo com Leonardo Madeira, coordenador da Agenda Teresina 2030, já existem ações em andamento, como um protocolo de calor para gestantes. Ele ressalta a urgência de investir em mudanças urbanas que assegurem conforto térmico e segurança para atividades cotidianas, como ir ao hospital, escola ou mercado.