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Último povo indígena isolado do Nordeste vive no Maranhão
22 de abril de 2025 / 11:06
Foto: Divulgação

Os Awá Guajá, considerados o último povo indígena isolado do Nordeste do Brasil, vivem sob constante ameaça em meio ao avanço do desmatamento, da grilagem de terras e da presença de madeireiros ilegais.

Quem são os Awá Guajá?

Os Awá Guajá são caçadores-coletores tradicionais que historicamente habitaram os vales dos rios Turiaçu, Capim, Pindaré e Gurupi. Durante os séculos XIX e XX, esse povo indígena foi forçado a se deslocar devido à pressão de frentes colonizadoras, construção de estradas e expansão agropecuária.

Apesar de um grupo de aproximadamente 350 Awá já ter sido contatado e viver em aldeias como Awá, Tiracambu, Guajá e Juriti, os que optaram pelo isolamento permanecem vulneráveis à devastação do território e à ausência de políticas eficazes de proteção.

Estima-se que cerca de 60 indivíduos Awá vivam em total isolamento voluntário nas florestas do Maranhão, especialmente nas Terras Indígenas Awá, Araribóia, Caru, Krikati e na Reserva Biológica do Gurupi.

A Terra Indígena Awá: uma luta histórica

A Terra Indígena Awá representa um dos casos mais emblemáticos de violação de direitos territoriais no Brasil. O processo de reconhecimento teve início em 1979, mas só foi homologado oficialmente em 2005. Até hoje, no entanto, não foi registrada devido a disputas judiciais movidas por grupos econômicos e políticos locais.

Asssim, durante décadas, a região sofreu com a abertura de rodovias como a BR-316 e a BR-222, e com a passagem da Estrada de Ferro Carajás, fatores que facilitaram a chegada de madeireiros e fazendeiros, pressionando ainda mais os indígenas.

O risco de extinção e a resistência indígena

A vulnerabilidade dos Awá Guajá isolados foi retratada no documentário “Ka’a Zar Ukyze Wà — Os donos da floresta em perigo”, lançado em 2018. As imagens, feitas por membros da etnia Guajajara, mostram rastros de acampamentos e até interações indiretas com os isolados, como o momento em que um Awá cheira um facão deixado por forasteiros, sem saber que estava sendo filmado.

A obra denuncia a realidade crítica da Terra Indígena Araribóia, onde os Awá vivem ao lado dos Guajajara, povo que criou o grupo Guardiões da Floresta — uma organização indígena que arrisca a vida de seus membros para proteger a floresta de invasões.

A urgência da proteção

ONGs como a Survival International alertam que os Awá Guajá estão entre os povos indígenas mais ameaçados do planeta. Assim, a ausência de uma política firme de proteção ao território indígena e a demora na conclusão dos processos de demarcação e registro agravam a situação.

Dessa forma, a permanência dos últimos povos isolados do Nordeste depende diretamente da proteção efetiva das áreas onde vivem, do fortalecimento da atuação da Funai e de medidas contra o avanço do desmatamento.