
Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) desenvolveu um inovador sistema tátil que permite a identificação de cores e texturas, especialmente voltado para pessoas cegas ou com baixa visão. Denominado “Sistema para identificação tátil de cores em arco, seu método de produção e uso”, esse dispositivo possibilita a diferenciação de cores e suas intensidades, além de identificar texturas de materiais e anexar amostras físicas para uma percepção sensorial mais completa.
O pedido de patente foi protocolado em julho junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). O sistema é estruturado em um arco semicircular que representa a sequência clássica das cores do arco-íris — vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta — com faixas em relevo que variam para cada cor. A intensidade ou saturação da cor é percebida através da espessura variável de uma linha inferior em relevo. No centro do arco, há um espaço destinado à anexação de amostras de materiais, permitindo que o usuário sinta a textura, a absorção de calor ou o tipo de material correspondente.
Experiência tátil completa
O pesquisador Kleison José Medeiros Leopoldino, vinculado à FACISA, destacou que o sistema não apenas identifica a cor, mas também a textura do material, assegurando a compreensão dos aspectos cromáticos e dos níveis de intensidade. “As pessoas cegas ou com baixa visão podem compreender a transição cromática de forma sensorial e identificar graduações de intensidade através da espessura de uma linha inferior em relevo”, explicou.
A estudante de Psicologia e pesquisadora Albanizia Ferreira Campelo acrescentou que o sistema elimina a necessidade de legendas, pois permite a identificação de cor, intensidade e textura diretamente pelo tato. “Esse é um sistema prático, pois facilita a identificação intuitiva da cor, da intensidade e da textura a que ela se refere. Isso é muito importante para nós”, afirmou.
Inclusão e acessibilidade
Edson Noriyuki Ito, coordenador do grupo, enfatizou que a invenção se insere no campo da acessibilidade, design universal e educação inclusiva. “O sistema é projetado para facilitar o acesso às cores e texturas durante a leitura para pessoas com cegueira ou baixa visão. Estamos também desenvolvendo outras tecnologias que promovam a integração de pessoas com diversas deficiências no meio acadêmico, laboratorial e industrial”, disse.
O pesquisador Isaac de Santana Bezerra revelou que o protótipo já foi testado e aprovado por pessoas cegas, que consideraram o sistema superior a outros métodos utilizados anteriormente. Ele também destacou que a invenção alcançou um nível de maturidade TRL 7, conforme a escala de prontidão tecnológica.
O projeto contou com a colaboração de Kleison Leopoldino, Albanizia Campelo, Isaac de Santana Bezerra, Edson Noriyuki Ito, Bismarck Luiz Silva e João Marcelo Silva de Lima, em parceria com a FACISA, o Laboratório de Polímeros do Departamento de Engenharia de Materiais do Centro de Tecnologia (CT) e o grupo de tecnologia e educação inclusiva.