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Uso de inteligência artificial nos estudos: especialista alerta sobre riscos para a saúde mental
10 de novembro de 2025 / 13:18
Foto: Divulgação

O uso de inteligência artificial (IA) na educação tem se tornado uma realidade cada vez mais presente, especialmente entre os estudantes do ensino médio. De acordo com uma pesquisa mencionada por especialistas, cerca de sete em cada dez alunos utilizam ferramentas como assistentes virtuais, geradores de resumos e simulados personalizados. No entanto, surge a questão: até que ponto essa tecnologia pode realmente contribuir para o desempenho acadêmico e quais cuidados devem ser tomados para garantir um uso ético e eficaz?

Em uma entrevista, o professor Ademar Celedônio, especialista em ensino e inovações educacionais, analisou a evolução da IA, destacando o impacto das chamadas “IAs generativas”. Ele comparou esse avanço a revoluções tecnológicas do passado, como a descoberta do petróleo e da eletricidade. O ChatGPT, por exemplo, alcançou 100 milhões de usuários em apenas dois meses, atingindo atualmente 700 milhões de usuários semanais.

O impacto da IA na educação

Celedônio explicou que essas ferramentas são treinadas a partir de uma vasta quantidade de dados disponíveis na internet e em livros. Elas combinam palavras e conceitos de maneira muito mais rápida do que um ser humano. Contudo, o professor alertou sobre o fenômeno da “alucinação” da IA, um erro algorítmico que pode resultar na criação de informações falsas.

Dicas para um uso eficaz da IA nos estudos

Para estudantes que desejam utilizar a IA para melhorar suas redações, como as do Enem, Celedônio sugere a importância de formular boas perguntas. Ele afirma: “Se você simplesmente pedir para corrigir uma redação, a IA fará isso de maneira genérica. Mas, ao perguntar se ela conhece o modelo do Enem ou quais são os critérios para uma boa redação, você obtém uma correção mais direcionada e eficaz.”

O professor destaca que essa mudança no foco da educação é significativa. “Antes, ensinávamos os alunos a responder perguntas; agora, precisamos ensiná-los a fazer perguntas.”

Riscos associados ao uso da IA

Celedônio também chamou a atenção para os riscos éticos, como os vieses que podem estar presentes nos algoritmos, refletindo preconceitos dos criadores e gerando respostas tendenciosas sobre questões sociais. Outro ponto crítico é a questão dos direitos autorais, especialmente no que diz respeito ao treinamento dessas IAs.

Além disso, ele mencionou os perigos do vício e a perda de habilidades cognitivas. Estudos, incluindo pesquisas do MIT, indicam que alunos que dependem do ChatGPT como sua principal fonte de estudo podem ter dificuldades em reter informações posteriormente. O professor fez uma analogia com a automatização de tarefas, onde a dependência da tecnologia pode levar à “apodrecimento do cérebro”.

O termo “brain rot” (cérebro podre) foi escolhido como a palavra do ano pelo Dicionário Oxford em 2024, referindo-se à deterioração mental causada pelo consumo excessivo de conteúdos superficiais. A recente aprovação de uma lei que proíbe o uso de celulares em sala de aula no Brasil é vista como um passo importante para combater a distração e a queda de desempenho, conforme evidenciado em avaliações internacionais como o PISA.

Adaptação dos educadores e novas abordagens

Para lidar com a produção de textos gerados por IA, os educadores estão se adaptando. Celedônio observa que, em geral, é possível identificar esses trabalhos, que costumam ser bem estruturados, mas carecem de profundidade teórica. O uso excessivo de travessões e adjetivos incomuns também pode ser um indicativo.

Alguns professores têm adotado métodos criativos, como a realização de provas orais, onde os alunos precisam explicar suas pesquisas. Outros incentivam o uso da IA para criar imagens baseadas em livros, que depois devem ser defendidas oralmente, relacionando-as à obra original.

Conselhos para um uso responsável da IA

Por fim, Ademar Celedônio aconselha os estudantes que desejam integrar a IA em seus estudos de maneira responsável: “A IA deve ser uma ferramenta que complementa seu aprendizado, mas não deve substituir seu próprio pensamento. Pense antes, faça rascunhos e só então utilize a IA. Isso ajudará você a dominar as tecnologias com uma consciência crítica e ética.”