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Vaquejada: tradição, cultura e paixão nordestina que resiste ao tempo
13 de julho de 2025 / 11:30
Foto: Divulgação

A vaquejada é mais do que um esporte. No Nordeste, ela representa a essência da cultura sertaneja, unindo história, tradição, religiosidade, economia e forte sentimento de pertencimento. Reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a vaquejada se mantém como uma das práticas mais enraizadas na vida nordestina, sendo celebrada em centenas de municípios todos os anos.

Raízes históricas e identidade regional

A origem da vaquejada remonta aos tempos coloniais, quando os vaqueiros tinham o papel de reunir o gado disperso pelas vastas terras do sertão. Com o tempo, essa prática passou a ter comemoração em festas e desafios entre vaqueiros, ganhando caráter competitivo e festivo. Hoje, ela é um evento de grande porte, que mistura esporte, música, gastronomia e cultura popular.

A princípio, a vaquejada é considerada uma forma de resistência cultural e afirmação da identidade do povo nordestino, especialmente nas zonas rurais. Além disso, é uma tradição passada de geração em geração, que envolve famílias inteiras, movimenta cidades e atrai turistas de todo o Brasil.

Como funciona a vaquejada?

Para quem não conhece, a vaquejada pode parecer apenas uma corrida com cavalos e boi, mas não é, existe estrátegias, táticas e conhecimentos dos animais envolvidos na ação. O objetivo principal é  dupla (Vaqueiro e Esteireiro) derrubar o boi entre duas faixas marcadas na pista de areia da melhor maneira possivél, segundo critérios estabelecidos.

Veja como funciona:

EtapaDescrição
Dupla de vaqueirosA disputa é feita por dois vaqueiros montados a cavalo: o Vaqueiro puxador e o esteira.
LargadaO boi é solto e os vaqueiros partem em velocidade para acompanhá-lo.
PuxadaO vaqueiro puxador precisa derrubar o boi pelas pernas traseiras, dentro da faixa determinada.
PontuaçãoCada dupla recebe uma nota de acordo com a execução da derrubada. Há critérios técnicos que validam ou anulam a pontuação.

Mais detalhes das regras:

  • Duas equipes de cavaleiros montados em cavalos competem contra um boi solto na arena.
  • O objetivo é derrubar o boi puxando sua cauda.
  • O tempo da competição é geralmente de 2 minutos.
  • A equipe que derrubar o maior número de bois é a vencedora.
  • É proibido usar qualquer tipo de violência ou maus tratos contra os animais.
  • Os cavaleiros devem usar equipamento de segurança apropriado, como capacete e protetor de ombros.

As competições seguem regulamentos estabelecidos por entidades como a Associação Brasileira de Vaquejada (ABVAQ), que definem normas de bem-estar animal, segurança dos atletas e critérios técnicos.

Importância econômica e social

Além do valor cultural, a vaquejada tem impacto direto na economia nordestina. Assim, eventos de grande porte movimentam ao mesmo tempo hotéis, restaurantes, lojas de artigos equestres, comércio de animais e shows. Desse modo, gera emprego e renda nas regiões onde ocorrem.

Entretanto, estima-se que o setor envolva mais de 600 mil empregos diretos e indiretos, além de fomentar o turismo rural e o agronegócio. Também se destaca pela capacidade de preservar o modo de vida tradicional do campo, incentivando práticas sustentáveis e o cuidado com os animais.

Um esporte que se moderniza

Nos últimos anos, a vaquejada passou por processos de modernização e adequação às legislações de bem-estar animal. Hoje, a maioria dos parques segue rigorosos critérios de fiscalização, com acompanhamento veterinário, pistas em areia fofa e equipamentos que evitam lesões nos animais.

O Campeonato Brasileiro de Vaquejada, por exemplo, é uma das maiores competições da categoria e premia os melhores vaqueiros do país em várias modalidades, com premiações que ultrapassam os R$ 2 milhões.

Portanto, a vaquejada segue viva, forte e respeitada como uma expressão legítima da alma nordestina. Ela é esporte, arte, tradição e resistência. Para quem ainda não conhece, assistir a uma vaquejada é mergulhar em um universo rico em emoção, técnica, cultura e paixão. É entender por que o Nordeste se orgulha tanto dessa prática que une o passado ao presente — com os olhos voltados para o futuro.