
Uma pesquisa inovadora desenvolvida no Brasil apresentou resultados inéditos ao possibilitar que homens paraplégicos com lesão medular recuperassem a ereção por meio de um dispositivo implantável que estimula diretamente os nervos responsáveis pela função sexual. Conhecido como “viagra eletrônico”, o aparelho conseguiu restabelecer ereções contínuas em cinco dos seis pacientes acompanhados após um ano de uso.
O estudo ocorre no laboratório de urologia da Faculdade de Medicina do ABC, em Santo André (SP), com homens de até 34 anos que possuem lesões medulares há mais de quatro anos. Segundo o urologista Sidney Glina, responsável pela pesquisa, essas lesões interrompem as conexões nervosas que levam o estímulo ao pênis, impossibilitando a ereção sustentada.
“É a primeira vez que conseguimos estimular um nervo ligado à ereção e obter resultado clínico”, destaca Glina. Ele complementa que já existe tecnologia para estimular a medula a fim de controlar funções como o intestino, mas recuperar a via nervosa da ereção é algo completamente novo, abrindo caminho para futuros tratamentos.
O dispositivo, chamado CaverSTIM, atua como um marcapasso neurológico. Cirurgicamente, eletrodos são implantados na região pélvica e, ao serem ativados por controle remoto, emitem impulsos elétricos que reativam os nervos responsáveis pela ereção. Diferente das próteses penianas tradicionais, o equipamento não provoca ereção imediata, permitindo que ela ocorra de forma fisiológica conforme o estímulo aumenta.
Os resultados obtidos ainda estão em processo de revisão por pares, mas já foram considerados suficientes para a ampliação do estudo. A próxima fase prevê a inclusão de 20 pacientes paraplégicos com diferentes tipos e níveis de lesão medular. Caso confirmados, esses achados representam um avanço significativo em uma área que até então dispunha de poucas alternativas eficazes.
O viagra eletrônico mostra-se uma solução promissora para homens que sofrem de disfunção erétil associada à lesão medular, estimulando os nervos de forma natural e progressiva, o que pode transformar o tratamento dessas condições.
Além disso, o pesquisador Rodrigo Araújo, criador do CaverSTIM, ressalta que o diferencial do dispositivo é preservar o clímax e a naturalidade da relação sexual, evitando que o momento íntimo seja interrompido, como ocorre com as soluções atuais. O objetivo principal é devolver a resposta fisiológica do corpo.
Os próximos passos da pesquisa incluem o início de testes clínicos nos Estados Unidos, no Johns Hopkins Hospital, bem como a realização de um estudo pivotal (fase 3) com até 150 pacientes e a publicação dos resultados em homens paraplégicos. Se confirmada em escalas maiores, essa tecnologia pode revolucionar o tratamento da disfunção erétil e consolidar o Brasil como pioneiro nessa inovação médica global.